Artigo de Karys Jordão para a disciplina de Laboratório de Imprensa, Licenciatura em Jornalismo, ISMT (Junho 2020). "É mesmo uma questão de despir as pessoas não só da roupa, mas de preconceitos”.
Ricardo tem de estar preparado para lidar com várias situações, nomeadamente arranjar estratégias para deixar as pessoas descontraídas, independentemente da personalidade de cada uma. Se, por um lado, existem pessoas muito confiantes de si e do seu corpo, há também quem tenha a sua confiança destruída. Embora o resultado das sessões tenha sido, até hoje, sempre positivo, o fotógrafo confessa que “o facto destas sessões resultarem tão bem, acaba por criar uma pressão maior nas pessoas que já têm essas inseguranças, porque não se acham capazes”.
Diz-se que havendo uma empatia entre o fotógrafo e a/o modelo, é meio caminho andado para as coisas correrem bem. Para garantir um ambiente agradável, em que as pessoas se sintam quase em casa, Ricardo diz que “a forma mais eficaz é sempre o máximo de transparência e respeito”, nomeadamente, quando as fotografias requerem algum tipo de nudez.
A nudez tem vários calibres: pode ser intimista, sensual, explícita, pornográfica ou demasiado ordinária. Um corpo nu tem tanto de fascinante como de desconfortável. Embora o nu em fotografia comece a ser muito explorado, ainda continuam a existir algumas reservas. É por este motivo que Ricardo quer fazer parte do caminho para erradicar os estereótipos associados a este tabu. Se, por um lado, “existem fotografias com nudez que são feias porque são demasiado óbvias e gratuitas”; por outro existem outras que são o oposto e “conseguem refletir precisamente a sensualidade do corpo feminino”, diz o fotógrafo.
O objetivo de Ricardo é também “mostrar que não é por as pessoas estarem nuas que a foto fica feia, brejeira ou ordinária” porque, efetivamente, “há fotos que só resultam neste registo”, explica. “É mesmo uma questão de despir as pessoas não só da roupa, mas de preconceitos”.