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POR DINIS MANUEL ALVES

Esta noite não sonhei com Mário Lino

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Gosto muito do Miguel Sousa Tavares (MST), mas não alinho nestas coisas dos “Novos do Restelo”. Refiro-me a e-mail que circula, reproduzindo artigo de MST no “Expresso”, e no qual o articulista, viajando pela A6, se queixa de não viajar nela engarrafada. Não alinho com os “Novos do Restelo”, repito. Fosse assim e o Marquês de Pombal, em vez das Avenidas Novas, teria optado por umas ruelas do género da Calçada do Gato, em Coimbra.

Lembro-me de ter ouvido, no dia a seguir à inauguração da Ponte Vasco da Gama, notícia numa TV dizendo que não tinha trânsito quase nenhum. As pontes, pelos vistos, são construídas para terem audiência logo naquele dia, e não nas próximas décadas. Não tendo audiência, os programas eliminam-se da grelha; no caso das pontes é mais complicado, mas a formatação mental de quem elabora/edita/selecciona/agenda tal tipo de notícias é a mesma.
Talvez não saibam, mas houve polémica, ao tempo, por Salazar ter mandado construir a Ponte sobre o Tejo com quatro faixas, em vez de duas. Outro desperdício grosseiro, a pagar pelas gerações futuras.

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Acho que a auto-estrada Lisboa-Porto ainda não está totalmente paga pelos contribuintes. Aqui é Cavaco Silva que deve ser chamado à pedra, atendendo a que a ligação se fez no tempo dele. Era tão bom apanharmos a auto-estrada em Aveiras, depois daquele pequeno-almoço retemperador na Ponderosa. E quando íamos às compras ao Continente de Matosinhos? Maravilha ter auto-estrada logo ali nos Carvalhos. Tempos fantásticos, esses, tempos que esta ânsia desenfreada pelo progresso aniquilou de vez.
E a Ponte Europa, que continua às moscas? Esse despesista do Manuel Machado…!

Ontem eram os comunistas que comiam criancinhas ao pequeno-almoço, hoje são os socialistas que constroem auto-estradas ao almoço, dão “Magalhães” ao lanche e TGV’s ao jantar.

Fico à espera do próximo artigo do MST, de outra corrente de e-mails, criticando o facto da balança tecnológica portuguesa ter sido favorável ao nosso País, pela primeira vez desde D. Afonso Henriques ou D. Sancho II.
Criticar, porquê? Porque aquelas ventoinhas que vemos no cimo dos montes não servem para nada, plantam-nas onde não há gente, estão a refrescar quem? E, desperdício dos desperdícios, até no inverno trabalham, vejam bem!
Se os nossos antepassados tivessem dado ouvidos aos “Novos do Restelo”, ainda hoje não tínhamos comboios em Portugal. Não, não falo do TGV, falo dos comboios, dos reles, a vapor.
Também acho que a Avenida Sá da Bandeira, em Coimbra, foi um desperdício tremendo, uma obra que hipotecou as gerações futuras, uma avenida que, pasme-se, só passados 40 anos é que começou a encher de carros…
É assim nas obras públicas, assim será nos costumes. Quanto gasta o país a importar preservativos, perguntar-se-á daqui a alguns meses. Pois se o sexo, segundo Manuela Ferreira Leite, é para procriar, acabe-se com tal importação, proíba-se a venda, para a cadeia os que os usarem. Já que agora vão menos mulheres para a cadeia por mor da IGV, que se arranje outra forma de pôr a bom recato os transviados. Olha que uma destas, fazer sexo por prazer, onde é que já se viu??!!

Serei sempre contra os “Novos do Restelo”.
E, quanto a sonhos, nunca sonhei com Mário Lino. Prefiro sonhar com mulheres bonitas, enquanto tal não for proibido também.

Dinis Manuel Alves
Diário de Coimbra, 17.09.2009