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Carta aberta acirra debate sobre cultura do cancelamento nos EUA

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 Texto que condena intolerância e "moda da humilhação pública", assinado por mais de 150 artistas e intelectuais, gera indignação nas redes sociais. Entre os signatários está a "cancelada" J. K. Rowling.

 Uma carta aberta assinada por mais de 150 artistas e intelectuais em apoio aos protestos mundiais contra o racismo, mas também criticando o que os signatários chamam de "intolerância às perspectivas opostas, a moda da humilhação pública e o ostracismo" gerou indignação nas redes sociais.

A carta aberta faz uma referência velada à chamada cultura do cancelamento. Ela foi divulgada na internet nesta terça-feira (07/07/2020) e será publicada na versão impressa da revista Harper's Magazine de outubro.

O texto, assinado por nomes como o linguista Noam Chomsky, os escritores Martin Amis, Margaret Atwood e Salman Rushdie, o jornalista Roger Cohen e o músico Wynton Marsalis, expressa preocupação de que um "debate aberto" sobre a complexa questão da brutalidade policial e da desigualdade racial esteja dando lugar a "dogma ou coerção".

"A maneira de derrotar más ideias é pela exposição, pelo argumento e pela persuasão e não pela tentativa de silenciá-las ou apagá-las", afirma. "Como escritores necessitamos de uma cultura que nos dê espaço para experimentar, assumir riscos e até mesmo cometer erros."

A carta rapidamente provocou uma reação, em parte devido à presença, entre os signatários, da escritora britânica J. K. Rowling (na foto), que tem sido rotulada de transfóbica e feminista radical trans-excludente (Terf, na sigla em inglês) por suas opiniões controversas sobre pessoas trans.

A autora e ativista transgênero Jennifer Finney Boylan afirmou no Twitter que não havia percebido quem mais havia assinado a carta aberta e estava, por isso, retirando sua assinatura. "Pensei que estivesse endossando uma mensagem bem-intencionada, ainda que vaga, contra linchamentos virtuais", escreveu ela, acrescentando: "Sinto muito".

Boylan logo foi criticada por apoiadores da carta. Alguns viram a reação como um exemplo irônico de cultura do cancelamento à qual a carta se opõe.

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10.07.2020

Sobre este assunto, leia também "Liberdade afinal nem tudo estará perdido", newsletter do "Observador", assinada por José Manuel Fernandes, que remete para uma série de artigos sobre o tema.