Reportagem de Dinis Manuel Alves. Revista Grande Reportagem, n.º 63, 2.ª série, Junho 1996. Direcção de Miguel Sousa Tavares.
Incluem-se, no final do pdf, duas cartas de leitores reagindo à reportagem.
“São comandantes, chefes, ajudantes, um não-acabar de bombeiros que vendem materiais e equipamentos às próprias corporações. A lei vigente não fala sequer em incompatibilidades mas tudo tem limites”.
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Comandante Jacinto, Bombeiros Voluntários de Esmoriz;
Comandante Melo, Voluntários de Montelavar;
Comandante Carvalho, Voluntários de Pombal;
Comandante Viana, Voluntários de Valbom;
Comandante Baganha, Voluntários de Beja;
Comandante Gaspar, Voluntários de Mortágua.
O qué que estes homens têm em comum?
Todos são donos de empresas que negoceiam com bombeiros, alguns vivendo exclusivamente do negócio. Jacinto Oliveira carroça carros de bombeiros, tal como Carlos Carvalho; Américo Viana vende extintores, capacetes, machados; Fernando Melo extintores, auto-escadas, auto-macas; Baganha comercializa extintores; Gaspar tem uma oficina de reparação de viaturas de bombeiros.
Se fossem os únicos eram poucos. Mas a lista é extensa demais para aqui ser publicada. Em Almeirim, a "Fogo-Tejo" juntou na vida empresarial o comandante José Alberto, o ajudante de comando Catalão e o presidente da direcção Firmino Apolónio. Em Vendas Novas o bombeiro-chefe Óscar Maria é dono da "Euro-Segurança"; em Cacilhas encontramos o 2º comandante Mitra na "Contra-Fogo".
É escaldante, comandantes de bombeiros embrenhados nos negócios do fogo? E 2ºs comandantes, e ajudantes, e bombeiros-chefes também?
"Desvirtua a deontologia dos bombeiros. É uma concorrência desleal, pois por mais imparcial que se seja hão-de puxar sempre a brasa à sua sardinha" — afirma Fernando Curto, Presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais.
