Não foi fácil descobrir o esconderijo. Coimbra não é assim tão grande, também não é pequena, só que da redacção da TSF não conseguíamos avistar todos os cantos da urbe.
Nada que meia dúzia de telefonemas não tivesse resolvido.
Sampaio e os seus apoiantes deram uma ajudinha, gato escondido com carros bem apessoados de fora, e aí vai disto.
O alerta foi-nos dado, creio que pela Maria Flor Pedroso. Há muito que se especulava quanto ao interesse de Sampaio em candidatar-se a Presidente da República; há muito que se falava em movimentações, mas provas concretas nem vê-las. Tudo bem guardadinho no cofre do bom recato, porque o sossego era bom companheiro para uma auscultação das hostes sem sobressaltos e ruídos externos a complicar as movimentações da força-tarefa.
Era preciso algo de concreto, de palpável, para revelarmos aos ouvintes que, sim, havia mesmo movimentações. E nessa madrugada, com persistência e um tiquinho de sorte à mistura, lá conseguimos o furo, depois repercutido pela comunicação social país fora, também, claro, no semanário "Jornal de Coimbra" com o qual colaborávamos.
Ao contrário das bicicletas e dos popós, nos media um furo faz andar a carroça da informação para a frente, e isso é bom...
Dinis Manuel Alves, semanário "Jornal de Coimbra", 30.10.1991
Na foto, à direita de Sampaio, o sonoplasta Alfredo Silva e, de costas, a jornalista Fernanda Alves.