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14 DE MAIO DE 2000

Foi bonita a festa, pá!

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14 de Maio de 2000. O Sporting vence em Vidal Pinheiro, é campeão nacional e acaba com uma seca que já durava desde 1982, 18 anos antes. O sofrimento termina ali, no relvado maltratado do Sport Comércio e Salgueiros.

Era domingo. No sábado anterior, 6 de Maio, lá estivemos, em reportagem, no Restaurante Brasil, à Solum, em Coimbra.
Espaço pequenino, acolhedor, célebre pelo facto do seu proprietário, Manuel de Jesus - falecido em 1995, num desastre de automóvel na estrada Coimbra-Figueira da Foz -, ter há muito decidido que só subiria o preço do café, bica, cimbalino, o que lhe quiserem chamar, quando o seu clube de sempre, o Sporting, voltasse a ser campeão.
Há 18 anos, há 17 temporadas que não era. Em 1999/2000 se calhar também não, temia-se ao princípio, mas as coisas foram mudando de figura.

ÁLBUM FOTOGRÁFICO PARA VER AQUI 

Sábado, 6 de Maio, noite de clássico. O Sporting recebia o Benfica em Alvalade. Tinha 74 pontos, mais quatro que o Futebol Clube do Porto. Ganhando aos da Luz somaria 77, com o FCP a ter que se contentar com o segundo posto, 76 pontitos caso ganhasse o último jogo.
Ganhando aos vizinhos, seria campeão, sábado, 6 de Maio.

Estávamos no Restaurante Brasil para fazer uns bonecos de festa que prometia ser diferente, depois de 18 longos anos a chucharem no dedo.
O Benfica não deixou, ganhou aos leões por 1-0 e a festa ficou adiada por uma semana e mais algumas horas.

Era domingo, 14 de Maio de 2000. De novo, o Restaurante Brasil à pinha, jornalistas, fotojornalistas, televisões para registar o momento e uns tantos sportinguistas dispostos a sofrer.
Certo, era o Salgueiros, mas foram muitos anos de sal, nunca fiando.
Afinal foi fácil, o Sporting ganhou 4-0 e o FCP foi perder por 2-1 em casa do Gil Vicente, ficando com 73.

As imagens do álbum lá de cima registam alguns momentos da festa, no Restaurante Brasil, também na rua.

Dona Maria de Jesus, mãe de colega nossa na Licenciatura em Jornalismo (1994-1999), subiu o preço do café, mas haveria de voltar à primeira forma, dois anos depois.
Quem diria que o cenário se haveria de repetir, assim mesmo, a régua e esquadro.
Na penúltima jornada da época 2001/2002, o estraga-festas Benfica empatou com o Sporting a 1 golo, mais um adiamento, mais 168 horas, que, convenhamos, não é nada, mas sendo 10.080 minutos parece que já dói um bocado, e para os que tinham relógio que contava os segundos, ui, 604.800 é segundo a mais para o coração.
A macumba de Maria de Jesus voltou a dar certo, com a bica a ser de novo rebaixada dos 50 para os 12 cêntimos (de 100 para 25 escudos), que ao tempo ainda era uso converter retrospectivamente os tostões.

Entretanto deixámos de acompanhar a saga, apesar de irmos jantar, de vez em quando, ao Restaurante Brasil. Uma espécie de romagem pela memória de tempos idos, pela simpatia de quem atende, pela estória bonita que protagonizaram.
Sim, por isso, porque o autor deste arrazoado e das fotos que se seguem é benfiquista e, consultado o registo civil, no livro 37.1958 dedicado ao fervor clubístico, já o era seis anos e meio antes de nascer.

Sim, por isso e também porque, ao contrário do que se foi tornando regra, nessa noite de 14 de Maio de 2000 foi bonita a festa, pá!

Dinis Manuel Alves

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A produção agradece, penhorada, à velhinha lente Aspherical Sigma (17-35mm, 1: 2.8-4), comprada em segunda mão por 150 euritos, no Arnado, e que ainda hoje bule. É ela que assina a maior parte das fotos deste álbum, abrilhantada por uma Nikon F 601 ou F90, já não consigo precisar (andava sempre com duas máquinas, uma com rolo a preto e branco, rolinho a cores na colega).

As películas daquele tempo, imaginem só, ainda não tinham dados EXIF. Que tristeza! Eu também não apontei no caderninho, os metadados aqui libertados encontram-se gravados no disco duro que trago um pouco acima dos óculos de ver ao perto.