728 x 90

A TELEVISÃO REPRESENTADA POR SI PRÓPRIA

Criação de um universo auto-referencial para efeitos propagandísticos

  • In TV
  • 2021-05-09
img

A imagem que grande parte dos fazedores de televisão, jornalistas incluídos, dão do meio em que laboram, não aceita arguição e consequente exposição de fragilidades, por mais que as mesmas possam convocar a benevolência de espectadores e de críticos.

Tal confissão beliscaria a aura da caixa que mudou o mundo, aura que permite à televisão manter-se no podium dos media, exibindo, para proveito próprio, o estatuto de Prima Dona. Do alto do seu trono de rainha do mundo mediático (na feliz expressão de Traquina), exibe imagem de marca de meio omnipotente, repele vigorosamente qualquer tentativa de imputação de falhas, quaisquer veleidades de desenho do mapa de eventuais debilidades. Para a mais comezinha das fragilidades, para o mais banal dos erros, para a mais inócua derrapagem, manda o livro de marca que se branda a velha mas nunca estafada desculpa Por motivos alheios à nossa vontade.

Umberto Eco (1993: 135-136) elege como característica principal da neo-televisão o facto de ela “falar cada vez menos (como a paleo-televisão fazia ou fingia fazer) do mundo exterior”: “Ela fala de si própria e do contacto que está estabelecendo com o seu público. Não importa o que diz ou do que fala (até porque o público com o telecomando decide quando deixá--la falar e quando passar a outro canal). Ela, para sobreviver a este poder de comutação, procura entreter o espectador dizendo-lhe: ‘Eu estou aqui, eu sou eu, e eu sou tu”.

PARA LER NA ÍNTEGRA AQUI (pdf, 12 páginas; inclui 18 vídeos)
Excerto de “Mimetismos e determinação da agenda noticiosa televisiva : a agenda-montra de outras agendas".
Dinis Manuel Alves. Tese de doutoramento em Letras (Ciências da Comunicação, especialidade de Discurso dos Media) apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a 13.04.2005.