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A cabritinha do Kim Travolta

  • In Sons
  • 2021-10-23
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Corria 1978, andava no 2.º ano de Direito, em Coimbra. Ainda tínhamos o Tivoli, o Avenida, o São Teotónio… Decidimos, com gáudio, eu e mais uma maltosa, juntarmo-nos à febre que assolava meio país juvenil e meio mundo também, e lá fomos para a fila do Tivoli ver o frenético Travolta. Não me lembro se era sábado, domingo ou quarta-feira. Os críticos zurziam sem dó nem piedade no John, de pimba para cima, estratosfericamente para cima, o mesmo é dizer que o deitavam abaixo sem piedade nem dó. A maltosa divertiu-se bué a ver o filme, “Saturday Night Fever” foi o sucesso que se conhece.  

Anos volvidos, com outros filmes no cadastro, John Travolta passou a ser incensado pelos zurzidores de antanho.

Muitos anos depois, lembro-me de ter entrevistado Quim Barreiros e, abreviando, saí da entrevista com esta convicção: “Ele, de burro, não tem nada!”.
A conclusão nem sequer varria estereótipos que não tinha em relação ao Quim porque, nas minhas veias, corre sangue muito eclético no que à música reporta.
Se o pimba é uma monarquia, Rei há só um, o Quim e mais nenhum.
Tal como “Maria”, que ninguém lê, abrenúncio, mas que lidera as vendas das revistas do género no torrão, também o pimba se esconde debaixo do tapete das preferências de quem gosta de dar uma de culto. Ai, pois eu é só Durutti Column, Cure, This Mortal Coil, Bach, Stravinsky, Mão Morta e Nina Simone.

Pois, pois. No anuário das Queimas das Fitas coimbrãs está escrito que o pior ano das Noites do Parque foi aquele em que o Quim Barreiros não apareceu.
E a coisa, vista e ouvida por estes olhos e ouvidos que a terra não há-de comer, porque marcarei o meu funeral para as 16h20, com a terra já de barriguinha cheia, pois a coisa funciona assim.
Toca uma banda muito “cool”, outra muito “underground” e mais uma do género, no Queimódromo. Há algum agito, é verdade. Mas depois ouve-se uma voz-trovão dizendo apenas “Boa Noite, Coimbra!”, e o Queimódromo vai abaixo, vai acima, vai abaixo.
Cheira a barulho daquilo que os relâmpagos anunciam, em simultâneo com dois terramotos de grau 23 na escala que quiserem, Quim Barreiros dá as primeiras concertinadas e É A LOUCURA, MEUS SENHORES!

Todo este arrazoado para quê?
Não, não é para vos incomodar com recordações da banda informal que integrei, os “PiroPops e CurtiNights”. Nada disso, fica para outra ocasião.

Todo este arrazoado para quê?, perguntam vocês de novo.
Pois ainda bem que me fazem essa pergunta, que eu sei como responder. Para vos apresentar a fusão de Quim Barreiros com John Travolta, um duo impossível antes da era YOUTUBE.

O John dança “Little Goat”, ao som da “Cabritinha” do Quim.
No primeiro vídeo, a dança original de “Saturday Night Fever”.
No segundo, a fusão, com o duo Travolta/Barreiros.
Se não gostarem, só vos digo que há PIOR!