Ao redor é margem com sabor a ferrete: subúrbios, periferia, zona industrial. Alcunhas construídas no betão, quase sempre esquecendo que há por lá gente dentro.
Corpos que destilam prazer em praia proibida aos ricos, que suam carregando varas, plantando videiras; que meticulam na arte do afia, que pantufam o alcatrão, à velocidade do burro. Corpos em que a camisa é estorvo, chapéu ou garruço não. A roupa estende-se em corda tranquila, a malha ajuda a despachar domingos, dias santos e feriados.
Rega-se o chafariz, escondem-se as batatas, a boneca vai ao espeto para espantar passaricos traquinas.
Ainda há carreiros que aceitam o padre, há fornos, teares e feiras, e correios-cabide, e louça de barro.
E vento que empurra as bolinhas de sabão. Vão de mansinho para não acordarem paisagens dormentes de tão belas.
António Costa Pinto | Dinis Manuel Alves
► Exposição "Ao Redor de Coimbra II", fotos da autoria de António Costa Pinto e Dinis Manuel Alves.
A exposição, que esteve patente, em sala, na Casa Municipal da Cultura, integrou o Projecto "Dias de Coimbra"