do Trabalho, do Remanso, da Folia, da Dor ... e do Amor ... em Coimbra
►do Trabalho, do Remanso, da Folia
Coimbra tem o cliché torre, e mais clichés, dá postais bonitos.
E tem gente que é notícia, com foto dentro, e gente que nunca é notícia, nunca é foto.
E merece sê-lo. Gente que merece um diafragma de goelas escancaradas cantando a sina do dia igual aos outros dias, gente que se assusta com o martelar do obturador e receia a alma congelada em película.
Gente que vai a cantoneiro, que solda, amassa pão. Que passeia os cabelos brancos de uma vida sem almofada. Que agita cartolas e muitas fitas, bebedeira multicor, arco-íris de cerveja e nostalgia.
Nas salas da Casa Municipal da Cultura, "Dias de Coimbra" — exposição de fotografias de António Costa Pinto e Dinis Manuel Alves —, começa fazendo músculo com instantes do trabalho hercúleo, o músculo desincha com o trabalho delas, depois vem a hora da sesta a contrastar, e fecha inebriada com a festa.
Do Trabalho, Do Remanso, Da Folia, as três secções que abrem os primeiros "Dias de Coimbra", escada rolante ao canto levando-nos até à Sala da Cidade para mais três gomos de película em papel parida.
►da Dor ... e do Amor ... em Coimbra
A Dor da gente pressente-se no olhar bonito de um rosto chamado nostalgia; na esmola mínima garantida pelo braço esticado horas a fio. E depois há o Amor que se esparrama em vestido prateado na relva do parque, e mil amores mais, ou se calhar ternura.
E há o amor pela Coimbra cidade branca, de luz inebriante vestida, vestido de névoa no altar que desagua na torre. Há um rio que teima em dar ares de basófias, e candeeiros, e páteos com vasos, e vasos com plantas, e plásticos dançando ao som do vento no tecto da baixinha.
Na Sala da Cidade fecham-se os primeiros "Dias de Coimbra".
Exposição "Dias de Coimbra", fotos da autoria de António Costa Pinto e Dinis Manuel Alves.
A exposição, que esteve patente, em sala, na Casa Municipal da Cultura e na Sala da Cidade de Coimbra, integrou o Projecto "Dias de Coimbra".