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TELEJORNAIS

Quando o tempo apanha falta

  • In TV
  • 2021-02-24
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"Sentimos falta de tempo para a produção, falta de tempo para a investigação. E quando temos tempo, estamos amarrados ao minuto e meio de cada peça. Resultado: nós damos as headlines das coisas e mais nada. Já ando há um mês a preparar o Jubileu do ano 2000. Tenho que fazer uma peça a explicar o que é o Jubileu, e não é tarefa simples. Mas já percebi que vou ter que ser superficial, deitar fora muita informação, o que se torna frustrante.

Sintetizar é um desafio, não duvido, mas há coisas que não se sintetizam mesmo. Para mim, a televisão é o meio onde se deitam mais coisas fora". (Alberta Marques Fernandes, depoimento prestado em Novembro de 1999)

Manda o mito que se associe a cronomentalidade à actividade jornalística. A corrida contra o tempo, que alimenta o imaginário de todos em relação à profissão no geral, tem mais acuidade na rádio e na televisão. E mesmo quando a urgência se quer demitir, há quem a obrigue a continuar de serviço.

José Alberto Carvalho, apresentador, ao tempo, do Jornal da Noite (SIC), confessava-nos isso mesmo: Dou por mim, muitas vezes, a guardar as coisas para a última hora, e isto porque gosto de sentir a adrenalina daí resultante. Quando não há falta de tempo, provocamo-la.

A verdade é que o tempo mingua bastante em televisão, mais minguante para alguns espaços informativos do que para outros. Os mais folgados, por razões já aduzidas e outras a incluir infra, são os últimos informativos do dia. Os espaços mais críticos são, em muitas circunstâncias, os telejornais da hora do almoço. A localização destes bem perto do raiar da aurora informativa traduz-se num desequilíbrio entre o volume de assuntos a noticiar e o tempo disponível para se efectuarem as reportagens, montagens e locução das respectivas peças.

Acresce o facto dos directores das estações mobilizarem, para os informativos desta faixa horária, um efectivo de profissionais em número inferior ao que é disponibilizado para os telejornais do prime time.

“É o mais violento” – reconhece Alberta Marques Fernandes. “No Primeiro Jornal tem que haver mais capacidade de improviso. O Jornal da Noite já vai mais mastigado”.

 

PARA LER NA ÍNTEGRA AQUI (pdf, 7 páginas)

VEJA OS QUADROS (apresentação powerpoint)

Excerto reportando aos nossos trabalhos de doutoramento. Texto publicado em:
“DA MÁQUINA ENFATIZADA À MÁQUINA CONSTRANGIDA – Mal Dita Televisão”. ALVES, Dinis Manuel. Mar da Palavra, Coimbra, 2011.