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No Fim da Rua

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Apresentava-se como "um programa sobre gente que não vem nas notícias, pedaços de vida que a reportagem da TSF encontra em todos os caminhos percorridos". Esteve no ar de 2008 a 2011.

Como é hábito nestas coisas, mau hábito, a TSF deitou abaixo o blog do programa. Nós guardámos umas tantas edições.

Disponibilizamos 27 programas, os dois primeiros da autoria de Rui Silva, os restantes de Nuno Amaral.
Para ouvir e assinalar o contraste entre os desempenhos dos narradores. Rui Silva adoptando o estilo tradicional, Nuno Amaral muito mais criativo, montagem mais ousada, falas entremeadas no estúdio mas sem que tal se denote, graças, muitas, à mestria dos sonoplastas Mésicles Helin e João Félix Pereira.

Fim da Rua constitui-se como um magnífico fresco de vozes das gentes cuja voz nunca chega às ondas da rádio.

RUI SILVA

As pedrinhas de Arronches (10.12.2008)
Existe em Arronches (Alto Alentejo) um grupo que faz música com pedras do rio. A tradição dura já há 17 anos e a continuidade da arte está assegurada porque muitos jovens querem aprender.

Retalhos da vida de um pastor autarca (23.03.2009)
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NUNO AMARAL

De Caridade aos ovnis de Boa Fé (13.12.200)
No gerúndio do linguajar alentejano, uma música enrolada nos dias. Uma história de espantar no tom arrastado. Um esgar de espanto no virar da esquina do tempo. E relatos de ficheiros pouco secretos no imaginário da aldeia da Boa Fé. Uma fatia do Alentejo, ali, no fim da rua.
Sonoplastia de João Félix Pereira

Camiões e pregões (21.03.2011)
Em busca de um pregão que insiste em não sair, vai-se estrada fora. Escuta-se um lamento em Vilar Formoso, ausculta-se a revolta de camionistas parados.
Noutro ponto da rua, resgata-se o viço do Cais do Sodré, como se fosse um largo de outrora. E no mercado da Ribeira o repórter Nuno Amaral apanhou dizeres populares e ouviu pregões ensolarados.
Sonorização de Mésicles Helin

Quentes e Boas (19.11.2010)
A vendedora de castanhas diz que está cota. Solta um pregão, recorda o tempo em que arrancava pregões aos gingões da baixa de Lisboa. Em Penalva do Castelo, o moleiro diz que foi feliz. Percorria as aldeias com um cavalo movido a papo-seco, e bebia cinco litros de vinho por dia, era o favorito das moças da terra. E em Foz Côa, o microfone esbarrou com um magusto, escutou dissertações sobre as mulheres portuguesas, captou onomatopeias à classe política. No fim destas ruas há esgares, sorrisos, devaneios contidos. E um pedaço do que somos.
Com sonorização de João Félix Pereira

Aleixo, o poeta destemido (28.03.2011)
Uma voz feminina começa a impor-se para avisar que o início e o fim da rua se confundem. O homem concorda, diz que cresceu a ouvir rádio, que picava dicionários. Solta poemas, músicas. Falam de amor, brincam com a energia dos humanos.
Em Porto Covo os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Helin abriram o microfone, deixaram entrar o grasnar das gaivotas e a vida do casal que garante que a liberdade é condição de fluidez.
Sonorização de Mésicles Helin

O lamento do Bolhão
No linguajar do país, há gente que não vem nas notícias. Ou deixou de vir. Há nomes de terra que despertam desejos, há pedaços de vida em todos os caminhos. No fim da rua escuta-se a portugalidade, tenta-se ouvir aquilo que somos. Em português ou em sotaques que funcionam como ADN do lugar. No fim da rua há histórias que espreitam, há sons para povoar a antena da rádio. Há um lamento que ecoa no mercado do Bolhão, no latejar do coração do Porto.
Com sonorização de João Félix Pereira

Da calçada ao Alentejo (12.11.2010)
No linguajar do país, há gente que não vem nas notícias. Há sapateiros que revivem outros tempos, bairros lisboetas à procura dos caminhos renovados da memória. Merceeiros com dores de barriga e saudades da mulher. Esquinas povoadas de marialvas e fadistas, adegas com voz de Alentejo dourado. No fim da rua escuta-se a portugalidade, tenta-se ouvir aquilo que somos. Em português ou em dialectos de memórias longínquas. No fim da rua há cantos que impõem mais ritmo às ondas da rádio.
Com sonorização de João Félix Pereira.

O 13 no tapete dos dias (26.11.2010)
O fio da fortuna apregoa-se no Porto. Arrastado no Outono, o 13 vendido tenta furar a sorte.
Há uma baixa que dizem já não ser o que era. Gaivotas a anunciar outros ritmos. Um piano na luta fria contra o Inverno. Um grito guevarista na baixa de Lisboa.Palavras de ordem. Tambores. Há espantos junto à fronteira, um granito de duas línguas que avisa: greves só se for na boca. No fim da rua há "malandros" atirados ao tempo.E a conclusão de que temos de ir aos nabos. Ou à vida.
Sonoplastia de João Felix Pereira.

O grito do pastor (07.11.2011)
[sem narrador]

Os nossos sonhos não cabem nas urnas deles (22.11.2011)

Quintanilha, na fronteira do voto (16.05.2011)
O antigo contrabandista não sabe ler, mas interpreta o país. Não vai votar. A pastora escolhe o candidato pela fotografia. Na fronteira de Quintanilha, Bragança, os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Helin apanharam a textura do som de quem discute política à beira de um rebanho de ovelhas.

Aldeia do Meco, praia conquista de Abril (05.05.2011)
Um homem montado num tractor avisa que o nudismo foi uma conquista de Abril na Aldeia do Meco. Mais à frente, Domingos dos Petiscos diz que a fama da praia supera o brilho de Lisboa. Os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Helin apanharam também a textura de sons debaixo de uma barreira de flores em aldeia de irmãos.

Montemor, o Novo (14.04.2011)
Manhã cedo há música e petiscos no balcão do tasco que ainda pode ser o centro do mundo. Um homem desafia, a mulher solta fado. Riem, discutem. Ouvem-se lenga-lengas, gargalhadas. Em Montemor-o-novo, os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Helin deixaram o microfone apanhar a cascata de sons que escorria à volta de um presunto branco.

Ai de Constância (08.04.2011)
Entre um verso de Camões e um esgar de fado, desfiam-se os passos da leitura do país. Em Constância, à beira-rio, há quem anteveja abismos, quem ria, quem cante, quem diga mudar de canal quando vê um político. À sombra de crisântemos, Camões parece ver andar o país a fluir.
No Fim da Rua nesta vila ribatejana, os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Hélin captaram um "ai" agarrado, colectivo, amplificado por Mário Viegas.

No Bairro da Desgraça ganha o voto quem der mais... (24.01.2011)
Longe da campanha, no Bairro da Desgraça, em Coruche, aproveitam-se bem os microfones que raramente por ali passam e escutam-se claros sentidos de voto. A decisão por ali é simples: ganha o voto quem der mais...
Sonorização de Mésicles Helin

Fidelidades partidárias com sotaque alentejano (24.01.2011)
Longe dos trilhos da campanha, os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Helin estão desta vez no Alto Alentejo. Em Mora e Cabeção escutam-se fidelidades partidárias. Há quem ande com uma fotografia de Francisco Lopes na algibeira e quem vote, contrariado, em Manuel Alegre.
Sonorização de Mésicles Helin

Por onde não passou a campanha (21.01.2011)
Há gritos de desconfiança, sorrisos. Defesas determinadas deste ou daquele candidato. De olhar de soslaio a um esgar de malandrice, o compacto Fim da Rua recupera alguns dos momentos apanhados nos lugares por onde não passou a campanha. De aldeia em aldeia, o microfone captou alguns sentimentos e angústias do povo que não aparece nas notícias.
Com sonorização de Mésicles Helin.

Fim da Rua - Douro-Guadiana (09.01.2011)
À entrada da estação de São Bento, Tina ou a Dona Albertina do Américo, traduz com a voz o espírito do lugar, o folhear daquele calendário. Tina conhece os horários, os destinos dos comboios, as bússolas dos humanos. No tom e no sotaque mostra conhecer a rota. Sabe que o Porto não é cidade de dicionário nem encaixa em monografias burocráticas. Dali, estende-se uma geografia de lamento até ao Guadiana. É depois do Tejo, é além do relógio. É gerúndio. O microfone salta a distância e ouve no Minho uma saudade de 48 anos, o microfone ouve - não consegue alinhar os sons de desordem, dos tempos sobrepostos.

Vozes nos Becos em Volta (15.04.2011)
Em cada esquina do bairro de São Cristovão, uma voz, um timbre. Há um tapete sonoro nas calçadas, crianças que gritam, apelos ao canto. À porta de um prédio, um fado. Uma história, uma lenga-lenga. Passos adiante, um piropo. Outro fado, voz doce. Em Lisboa, os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Helin abriram o microfone ao bulício. E deixaram entrar as vozes atiradas dos becos em volta.

Dia da Mulher e outras coisas em Porto Covo (17.03.2011)
No fim da rua apanha-se uma forma peculiar de assinalar o Dia da Mulher. Pela Costa Alentejana, muita gente expõe ao microfone do repórter Nuno Amaral os desejos que gostavam que o Presidente da República passasse à prática.
Sonorização de Mésicles Helin.

Em Foros de Salvaterra faz-se política à beira da estrada (19.01.2011)
No Fim da Rua, à margem da campanha, os repórteres Nuno Amaral e Mésicles Helin seguem por caminhos do Ribatejo. Em Foros de Salvaterra (Salvaterra de Magos), à beira da estrada e quase com Lisboa à vista, olha-se com desconfiança para a campanha e para os candidatos.

Castanhas em Sernancelhe (24.10.2011)
Terras de Vila Pouca d'Aguiar (14.11.2011)
Há fado no Douro e Pescadeiras em Caxinas (29.01.2011)
O dialecto que ri (10.11.2010)
Aldeia dos Pescadores (18.01.2011)
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Nuno Amaral haveria de deixar a TSF, ingressando na Antena 1.
Aqui deixamos o registo da sua reportagem mais recente (23.04.2021)

Reportagem do jornalista Nuno Amaral em Paquitequete, Moçambique. Um mês depois dos ataques que destruíram a vila de Palma não param de chegar deslocados à cidade de Pemba.