“No Fastifud da Bernadete”, da autoria de Dinis Manuel Alves, edição da Câmara Municipal da Lousã, tem como pano de fundo uma secção mantida pelo jornal “Commercio da Lousã”. A rubrica intitulava-se “Serões do Povo - À Lareira”, e vinha assinada por Paulino.
Através do registo coloquial, o autor dos diálogos (entre um erudito e elementos do povo), tentava fazer passar aos leitores, e de uma forma mais acessível, as linhas mestras do ideário republicano.
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DA TABERNA AO FAST FOOD
Os diálogos de antanho presumem-se passados numa taberna. Dinis Manuel Alves optou, desta feita, por evitar o registo descritivo dos tais diálogos. Ficcionou um “fastifud” na Lousã — os locais de “comida rápida”, os “come em pé” tão na moda neste findar de século —, e sentou à mesa do “fast food” novas personagens. O equilíbrio mantém-se — um só erudito, e muitos “escutadores”. A conversa gira em torno dos diálogos antigos, sendo os mais saborosos reproduzidos na íntegra. Mas, a pretexto dessas charlas de início de século, outras conversas surgem, agora com sabor a virar de milénio.
Em 1910 o fascínio virava-se para os “carros inlectricos” e para os “tilifones”, que um dos parceiros do Sr. Antoninho (o erudito dos ‘Serões do Povo’) descobrira em Coimbra. Hoje, é a televisão e a Internet que garantem as despesas da conversa, à mistura com a política, como não podia deixar de ser.
O equilíbrio do naipe de personagens mantém-se, com uma novidade: a perturbante Dete, que subiu a título do livro, cabendo aos leitores descortinar o seu papel em toda a trama.
HOMENAGEM À PINTURA NAIF, QUE NA LOUSÃ JÁ GANHOU FOROS DE TRADIÇÃO E PRESTÍGIO
Uma novidade a registar: o livro inclui várias ilustrações, a cores, de pintoras naif, numa homenagem aos pintores deste género que a Lousã tem sabido acolher, através dos sucessivos Salões que a autarquia tem organizado.
Ali encontramos pinturas de Luiza Caetano, Nell, UCAfonso, e da neófita nestas andanças, Levinda Penedos.
Para além das pinturas acima referidas, o livro contém ainda outras ilustrações, (respigos do autor sobre publicidade aos telefones, por exemplo), e recortes de jornais lousanenses sobre alguns dos temas versados na obra que agora vai ser dada à estampa.
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