728 x 90

LIVRO DE DINIS MANUEL ALVES

Commercio da Louzã - 500 dias até à República

img

O livro "Commercio da Louzã — 500 dias até à República", da autoria de Dinis Manuel Alves, apresentado publicamente a 5 de Outubro de 1996, pretende-se homenagem aos jornalistas que fizeram o "Commercio da Louzã", e nomeadamente ao seu proprietário e director Júlio Ribeiro dos Santos. Homenagem que quisémos de conteúdo útil, trazendo ao final do século páginas memoráveis de uma publicação do concelho da Lousã, quando o século mal despira as fraldas. Vale também como documento — pela reprodução de alguns dos textos publicados naquele periódico; como registo que interessa carregar até ao presente, como convite ao conhecimento, por parte das gerações mais jovens que estudam nesta escola, de uma experiência de jornalismo assaz diferente da que se vive hodiernamente.

Valerá ainda como convite à leitura dos jornais de antanho, fascinantes mananciais de relatos e registos narrativos de um jornalismo que assumia uma causa. A República como pretexto para uma evocação, porque nunca será demais exortarmos o sagrado valor da Liberdade, tão bem definida nas páginas do "Commercio da Louzã" como "a noiva eterna das almas juvenis, o ideal sublime por que combatem todos".

Edição da Escola Profissional da Lousã, integrando-se no Projecto "Lousã em Datas", iniciativa que contou com o apoio da Câmara Municipal da Lousã, Biblioteca Municipal da Lousã e Delegação do Centro da Secretaria de Estado da Cultura.

Agradecimentos especiais a Horácio André Antunes, Mário Ruivo, Matos Silva, Vítor Maia e Costa e José Almeida.
131 páginas

Livro disponível em pdf
(249 mega)

= // =

O "Commercio da Louzã" começou a publicar-se a 4 de Abril de 1909, ano e meio antes da proclamação da República. Ao lançar o seu programa aos mares da crítica, anunciava-se arredio de partidários e partidos - "um jornal sem política', como antevia o colaborador "João Ninguém".

Mas a política foi tema que sempre esteve presente no periódico lousanense, neste longo prólogo da República que acompanhou. No seu programa, o t'arrenego à política talvez quisesse significar ausência de comprometimento declarado a um determinado partido. Mas os textos desmentem que o jornal evitasse o empenhamento político, no caso em defesa do ideal republicano.
Não se renegava a política, mas a "má política"; não se assumia oficialmente como republicano , apesar das confessadas "ideias republicanas dos seus directores".

O "Commercio da Louzã" fez cruzada pela chegada breve da "LUZ", que aqui significava o advento da República, por troca com um regime decrépito, que levara Portugal à condição de um "leão moribundo".

Páginas desfraldadas a favor da instrução popular, da aprendizagem da leitura a desaguar no leito sofrido dos pobres a quem os herdeiros da sorte e da fortuna desprezavam; páginas impressas com o vigor de quem clamava contra as injustiças do caciquismo local, do clero reaccionário e dos "camaristas" lousanenses que só tratavam de si.
Pela instrução popular, significava tomar partido contra um trono que assentava "sobre um pedestal chamado Ignorância", contra uma " monarquia nova" que esclerosava de velhos problemas .

Contra o clero conservador , porque sustentáculo de um trono agora com face de um "jeune ro" pelo jornal considerado incompetente, entre outros variados epítetos.

Contra a Rotina, a Intolerância e a Escravidão, porque o contraponto dava pelo nome de Liberdade, Razão e Justiça.
Querendo apurar dominâncias ideológicas pelo texto dos sessenta e poucos números cumpridos até ao dealbar da República, diremos que o "Commercio da Louzã" se fez no berço do ideário socialista.